"Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. "Mateus 4:4
É ignorância o fato de não ouvir determinadas notícias? Será que viver à margem dos acontecimentos e experiências do mundo é a conduta de evitar notícias humilhantes, degradantes ou que tragam informações sobre calamidades de todos os tipos?
Parece que o mundo está de cabeça para baixo e que o sucesso, hoje, depende do tamanho do escândalo produzido, do barulho criado ou da participação, a qualquer custo, nas notícias dos jornais. As pessoas não sabem mais distinguir entre a verdade e a mentira e não percebem como são manipuladas pelas notícias e pela mídia sensacionalista ou interesseira, que se aproveita de determinados fatos e elabora sua versão sobre eles, garantindo, para os veículos de comunicação de massa, a audiência da multidão.
Como resultado, a sociedade começa a passar por momentos de angústia. Muitos ficam alarmados com a situação mundial, que é pintada com cores mais fortes e drásticas do que nos reality shows. Meu Deus, como eu gostaria de ver os noticiários transmitindo ações generosas de candidatos do bem! Como eu ficaria mais feliz ao ver a televisão e a internet mostrando notícias de trabalhadores voluntários na África, na Índia ou, quem sabe, no Haiti. Talvez as pessoas ainda precisem amadurecer muito, ficar mais lúcidas. Quem sabe o meu desejo de ver a mídia divulgando, um dia, as boas realizações que estão sendo promovidas só ocorrerá em um mundo novo e renovado?
Neste mundo atual, na atual conjuntura, falar e divulgar coisas chocantes e manipular as emoções e mentes das pessoas por meio de documentários e telejornalismo, principalmente, tornou-se uma especialidade muito procurada e valorizada. Ocorre que os cristãos e demais candidatos a servidores de Cristo se esquecem de que, apesar das dificuldades anunciadas, e mesmo diante do panorama mais sombrio, traçado por especialistas renomados e respeitados, Cristo permanece como diretor e condutor da nave cósmica chamada Terra. À frente da obra que representamos e de nossas instituições, destaca-se a figura daquele que inaugurou o Reino há 2 mil anos.
Além disso, há algo mais que os cristãos devem ter em mente, pois já está escrito nas páginas dos santos Evangelhos. Só que Cristo nunca disse que a caminhada seria fácil. Ou será que Ele disse isso e os apóstolos se esqueceram de anotar? Para mim, que não estou acostumado com facilidades, qualquer possível crise servirá apenas como um desafio para continuar as tarefas que me foram confiadas. Portanto, diante do quadro apresentado pela mídia ou diante da repercussão de situações angustiantes resultantes dos erros de governos e povos, não podemos esquecer as palavras do salmista: "Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia." [1]
Fico imaginando os seguidores modernos de Cristo, quando se encontram em desespero, sem confiança no futuro, muitas vezes como um galho enxertado de uma árvore que logo cai do tronco principal. Eles não oram, não se colocam em harmonia com a fonte que inspira nossa jornada. Eles reivindicam uma saída para as várias situações que lhes parecem angustiantes, mas parecem evitar a fonte generosa de toda graça e bondade, sabedoria e inspiração. Para nós, que pretendemos nos qualificar para o serviço de Cristo, por mais que nos consideremos especialistas em estratégias, por mais que tenhamos nosso ponto de vista sobre algo que fazemos em nome do bem, é essencial nos conectarmos à fonte de sabedoria e inteligência por meio da oração.
Portanto, para aqueles de nós que estão em meio a esse período de intensa transformação que chamamos de crise, é aconselhável orar. Orar juntos, orar em silêncio, redescobrir o valor da oração sincera e, acima de tudo, aceitar a resposta de Deus, que muitas vezes nos responde em silêncio. Em outras, nos diz: "Assim não, meu filho". Em mais de uma ocasião, ele anuncia: "Agora não". Tenhamos o cuidado de perceber a resposta sutil que nos aponta para um caminho diferente daquele que julgamos ser o correto.
Em momentos de emergência, sabemos valorizar a fé, a esperança e investir no otimismo, pois muitas vezes a situação ao nosso redor é apenas um reflexo de nosso desespero íntimo. A coisa se acentua ainda mais quando estamos dirigindo temporariamente alguma atividade, pois isso refletirá, em grande parte, o panorama íntimo do líder.
Portanto, vamos nos manter conectados à fonte suprema e inesgotável de sabedoria, pedindo orientação, mas não a rejeitando quando ela vier, por mais que contradiga nosso ponto de vista. Aprendamos que, com Cristo, a matemática é diferente, os resultados dependem da fé. Quando acreditamos e cultivamos a fé - ou, usando termos mais modernos, quando exercitamos o pensamento para criar imagens positivas, quando visualizamos os resultados que esperamos - o universo tende a conspirar a favor de nossos projetos. Isso é fé em ação. Sem fé, as pessoas se aniquilam diante de notícias escandalosas, sejam elas provenientes da imprensa ou de onde quer que venham. Sem fé, o crente em Cristo acaba sucumbindo à angústia, ao medo incitado por documentários e notícias do mundo todo, ou mesmo pelas vicissitudes e fracassos aparentes ou reais de sua vida cotidiana. Sem fé,
Embora Cristo tenha declarado que a jornada de seu seguidor não seria fácil, [2] é necessário observar que, embora algumas de suas palavras enfatizem desafios intensos para o estabelecimento de ideias renovadoras na face da Terra, Ele também garantiu que estaria conosco até o fim dos tempos. [ 3] E essa promessa Ele cumpre todos os dias, mesmo que sejamos teimosos em não nos conectar com Ele por meio da oração, que é a única maneira de beber a seiva que flui da videira genuína.
Nós nos distraímos com fantasias, miragens e paisagens enganosas, que se dissolvem diante da menor dificuldade. Nós nos deixamos embalar por um sono enganoso, que obscurece a visão do verdadeiro escopo de nosso trabalho. E, na rebeldia natural de nosso ser, queremos que as coisas sejam diferentes, de acordo com nossa maneira, esquecendo que estamos em um estado de luta permanente. Nessa guerra espiritual, nos alistamos em um exército cujo comandante é o próprio Cristo. Como aliados, muitas vezes acordamos insatisfeitos por não podermos usar nosso tempo como desejamos. Ou então discordamos dos métodos e projetos de vida apresentados por nosso general porque não temos tempo para aproveitar a vida. Nós nos rebelamos e nos refugiamos ou escapamos da realidade dura e crua. Achamos que temos nossos direitos, e esses direitos geralmente representam parcerias com coisas do mundo e com situações que nos distraem do foco principal de nosso tempo e serviço. Meu Deus, como somos rebeldes!
E nossa rebelião tem um preço. Por mais que tenhamos uma filosofia diferente, por mais que discordemos da situação que envolve os legítimos representantes de Cristo, infelizmente, agora tenho que ser o mensageiro da realidade. Você, meu caro irmão, que está de alguma forma ligado aos projetos de Cristo, que visam à renovação do mundo, não encontrará outro caminho senão aquele previsto por Nosso Senhor. Se persistirmos na rota da rebeldia, certamente encontraremos a angústia e o inconformismo; ficaremos desolados, nos afastaremos da fé, da oração, e nossa fuga nos levará a instâncias um pouco distantes demais dos caminhos de Cristo.
Ouçam minha advertência. E saibam que, aceitando as dificuldades inerentes à implementação das idéias renovadoras do Reino, não podemos nos submeter à hipnose gerada pelas notícias alarmantes deste início de milênio. Afinal, alguém mais experiente já disse que nossa tarefa, neste milênio, consistirá em reconstruir a Terra, sob todos os pontos de vista. E reconstruir qualquer coisa exige dedicação. Se você acha que este momento de reconstrução é um momento de crise, lamento informar que as crises só se resolvem com trabalho e muito trabalho. Temos que abrir mão de diferentes situações e facilidades, sim. É preciso ter em mente que somos chamados a ajudar o mundo, a nos envolver com o mundo, no sentido de levar o fermento do otimismo, do trabalho e da qualidade em tudo o que fazemos. Precisamos ser inteligentes o suficiente para saber o momento certo de avançar ou recuar, nesse contexto em que nos encontramos.
O cultivo da fé, da oração e da esperança é essencial para nos manter vivos e intimamente ligados à fonte de inspiração que sustenta nosso caminho. Portanto, diante das notícias alarmantes e desastrosas do início deste milênio, que tal adotar uma atitude, no mínimo, inspiradora e inteligente, considerando o futuro que lhe parece incerto? Sugiro enfaticamente: não acredite na metade do que ouve, não repita a metade do que acredita. Quando você ouvir notícias negativas, divida-as por dois, depois por quatro e não diga nada sobre o restante. Acredito que, dessa forma, estaremos em melhores condições de prosseguir com otimismo rumo ao alvo proposto por Cristo, que é a vitória do bem.
Texto extraído do livro Nas Ruas de Calcutáde Robson Pinheiro, pelo espírito Teresa de Calcutá. Páginas 208 a 216.
Sobre o autor espiritual:
O Prêmio Nobel da Paz de 1979 dispensa apresentações. Nascido nos Bálcãs, teve uma vida inteira de luta para viver sua vocação religiosa de uma forma que lhe parecesse verdadeiramente cristã, deixando um legado que supera em muito a insistência de seus críticos. "Não havia como conter as lágrimas": é assim que Robson Pinheiro descreve seu primeiro contato com Teresa de Calcutá. Em mais de 40 livros mediúnicos, é o primeiro a trazer a assinatura de um espírito com tamanha projeção. Em uma das frases atribuídas a ela, quando encarnada, e comentadas no livro, ela diz: " Você não daria banho em um leproso nem por um milhão de dólares? Eu também não. Só por amor você pode dar banho em um leproso ". Desconcertante: essa é Teresa.
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[1] Sl 46:1.
[2] Cf. Mt 7:14.
[3] Cf. Mt 28:30.